quarta-feira, 30 de março de 2011

Artigo de Opinião

É agora. Depois pode ser tarde!



Já ninguém tem dúvidas que Portugal terá eleições legislativas a curto prazo. A falta de visibilidade da maioria dos actuais ministros, as incoerências constantes do Eng.º José Sócrates e a consequente perda de credibilidade do seu governo faziam-no adivinhar. Com o país a viver uma situação de verdadeira angústia, a falta de comunicação entre órgãos de soberania sobre um assunto de capital importância, como a quarta edição do Plano de Estabilidade e Crescimento, fez esgotar a paciência de quantos até agora permitiram que este governo se tivesse mantido em plenas funções. Acresce que este lamentável episódio deixou no ar fundadas suspeições de ter sido premeditado, visando precipitar uma crise política que deixasse em aberto o caminho para uma vitimização do seu principal responsável, que deverá continuar a explorá-la até à exaustão. Aqui chegados, acreditando firmemente que a democracia existe para resolver problemas como o que o país enfrenta, resta-nos esperar que o povo saiba dar nas urnas uma resposta clarificadora e capaz de gerar um caminho que, no mínimo, seja capaz de nos restituir a confiança e faça acender uma luz de esperança que nos permita encarar o futuro com o optimismo necessário para não voltar a cair no desânimo. O pior que nos poderia acontecer é, uma vez chegado o fim deste tsunami político, verificar que se manteria o estado pantanoso em que nos vamos arrastando. Deste modo, é preciso que a campanha eleitoral decorra em clima de grande contenção de custos e sirva para elucidar. Desde o 25 de Abril, sobretudo após o período conturbado que mediou entre o 11 de Março e o 25 de Novembro de 1975, a democracia portuguesa tem sido em boa parte condicionada pelos equívocos então gerados e que conduziram a um sistema de governação em que os protagonistas foram sempre o PS e o PSD. Na sequência de fervorosas paixões desencadeadas no auge da ebulição revolucionária e nas imposições então ditadas pelo Conselho da Revolução, os portugueses foram constrangidos a fazer uma escolha balizada naquelas duas formações partidárias. Estas permitiam-lhes opções limitadas, porém mantinha-os ao abrigo de muitos incómodos e até de perseguições. É óbvio que uma franja minoritária e heterogénea do espectro ideológico soube resistir e foi fazendo o seu caminho. Esta condição, que ao longo de mais de três décadas tem marcado de forma indelével a nossa realidade política, levou a que uma parte significativa de portugueses, ao longo de sucessivos actos eleitorais, tenha utilizado o voto como simples manifestação clubista, contribuindo para o nosso afunilamento democrático consubstanciado numa governação hegemónica dos dois partidos do chamado Bloco Central. Nos tempos conturbados que vivemos, é hora de os portugueses vivenciarem as qualidades de uma democracia adulta e se libertarem dos anátemas que os confundem e lhes toldam as escolhas. É agora que é preciso escolher os mais aptos, os mais trabalhadores e os mais descomprometidos. É necessário fazer uma avaliação isenta e criteriosa de quem lucidamente tem apresentado as melhores soluções e não se tem escondido em estratégias que relegam os interesses nacionais. É urgente, porque as eleições serão em breve, que cada português faça a sua própria avaliação e se prepare para decidir, sem paixões, com a razão e pela própria cabeça. Alterar o paradigma político, que nos tem conduzido permanentemente a governos protagonizados sempre pelos mesmos, está ao alcance do nosso voto. Renegar este dever é contribuir para o adensar dos problemas que nos consomem, é não contribuir para uma solução patriótica que nos retire do abismo que nos espreita, é dar razão a quantos pretendem ressuscitar ameaças do passado e, em última análise, renegar as virtudes da liberdade. No passado dia 20 de Março, o CDS/Partido Popular encerrou o seu XXIV Congresso que decorreu na acolhedora cidade de Viseu. O país, através dos diversos órgãos da comunicação social, pôde acompanhar boa parte dos trabalhos e testemunhar a autenticidade de muitas das suas propostas em áreas tão importantes como Economia, Agricultura, Mar, Educação, Saúde, Justiça e Segurança e Social. Os portugueses puderam avaliar a consistência das políticas para cada um desses sectores e confirmar a pujança, a renovação e o crescimento de um partido cada vez melhor preparado e mais maduro. O povo português que se identifica com o ideário e os valores da liberdade, do trabalho e do personalismo humanista tem agora, mais do que em qualquer outro momento, a oportunidade de se libertar de muitos dos fantasmas que o tolheram no passado e têm impedido o CDS/Partido Popular de assumir uma posição de liderança. Passados trinta e seis anos de regime democrático é tempo de enterrar em definitivo as mentiras e os medos, os falsos epítetos e a vergonha de assumir a condição de ser duma direita de princípios e valores. Duma direita que tem na Doutrina Social da Igreja a sua principal referência e onde cabem quantos se revêem no personalismo humanista. O momento está a acontecer. É agora. Depois, pode ser tarde!

In Diário do Minho - Braga, 28 de Março de 2011 J. M. Gonçalves de Oliveira

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