terça-feira, 28 de setembro de 2010

Assembleia Municipal II

Declaração Politica

Temos diante de nós “tantos desempregados à espera de trabalho, tantas pessoas que esperam por respeito: como é possível que ainda haja, no nosso tempo, quem passe fome, quem esteja condenado ao analfabetismo, quem viva privado dos cuidados médicos mais elementares, quem não tenha uma casa em condições onde possa abrigar-se?”. (1)

I. Quando falamos de desemprego em Braga, em Setembro de 2010, falamos duma realidade duríssima. A condição de desempregado na nossa sociedade é uma das mais frágeis, desesperadamente solitária e sacrificada, e mesmo desanimada!...
«Hoje o desemprego provoca aspectos novos de irrelevância económica do indivíduo, e a crise actual pode apenas piorar tal situação. A exclusão do trabalho por muito tempo ou então uma prolongada dependência da assistência pública ou privada corroem a liberdade e a criatividade da pessoa e as suas relações familiares e sociais, causando enormes sofrimentos a nível psicológico e espiritual.» (2)
Qual tem sido o papel da Câmara Municipal neste contexto?
Que iniciativas tem tido?

II. É importante ser activo. «A dignidade da pessoa e as exigências da justiça requerem que se continue a perseguir como prioritário o objectivo do acesso ao trabalho para todos, ou da sua manutenção.» (3)
A Câmara não pode fazer tudo, mas deve fazer o que está ao seu alcance. A Polis foi formada de início para satisfazer as necessidades vitais (4); ou seja, a cidade existe para permitir viver bem ou viver segundo o bem. Pois, “toda a pessoa tem o direito a assegurar à sua família o bem estar” (5).

Então, lembremo-nos, dirigindo-nos aos que lamentam o difícil momento em que vivemos, esta ideia: “Vocês dizem: os tempos são maus; os tempos são duros; os tempos são difíceis. Pois vivam bem, e os tempos mudarão.” (6)

III. Que fazer?
Temos que estimular as pessoas sem emprego e apoiar as suas famílias. Deixo algumas propostas para reflexão:
1. A Câmara pode, por exemplo, proporcionar locais onde as pessoas irão procurar informação para desenvolver as suas capacidades, valorizando-se. Porque não fornecer as melhores ideias nesta área de outros serviços e sistemas de educação, assim como da indústria, do comércio e do lazer?
2. A formação ao longo da vida, assim como o acesso à Internet, bibliotecas para crianças, sala de actividades, salas de estudo para apoio escolar e superior. Aconselhamento de saúde oferecido de forma descontraída e informal, onde os grupos de voluntariado terão o seu papel para dar apoio às pessoas sem emprego.
3. A Câmara tem um papel social vital a prestar: ler e aprender por lazer possibilita às pessoas uma saída social e pode beneficiá-las muito na sua qualidade de vida. Incentiva, ainda, uma cultura de iniciativa própria e “atiça” a sede de conhecimento. Pretende-se, assim, responder às áreas afectadas por problemas sociais e às carências de linguagem e literacia – pois, os progressos actuais na sociedade de informação, podem aprofundar ainda mais o nível de exclusão social experimentado por muitos.
4. Por isso, há que mudar mentalidades, mudar a forma de fazer as coisas, prestando serviços que espelhem a maneira de viver contemporânea. Porque não fornecer intertenimento com performances e exposições de arte, exibição de vídeos, lojas e cafés?
5. Um novo trabalho deste tipo criará uma exigente plataforma política, um programa para modernizar o governo municipal neste campo. Envolver as várias Divisões da Câmara e as Universidades da nossa região, com acompanhamento do Governo, pois pretende-se dar resposta a um variado leque de prioridades locais e nacionais.


O CDS aposta em novos conceitos para dar resposta aos problemas actuais: à baixa literacia respondemos com o estímulo à leitura; ao desemprego de longa duração com a formação ao longo da vida; ao insucesso e abandono escolares com clubes de tpc e novas ideias de equipamentos; ao individualismo com grupos de voluntariado devidamente apoiados.
Pretendemos, assim, melhorar claramente a qualidade de vida das pessoas que moram na nossa cidade.
Braga, 24 de Setembro de 2010
P’ Grupo Municipal do CDS-PP
Nuno Oliveira Dias

Notas:
1 - Doutrina Social da Igreja, introdução.
2,3 – Caritas in Veritate (25; 32; 63), Bento XVI.
4 - segundo Aristóteles.
5 - Declaração Universal dos Direitos Humanos, artigo 25.
6 - Santo Agostinho, Discursos, 311,8.

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