terça-feira, 30 de novembro de 2010
Jantar Distrital do CDS/PP
Assembleia Municipal I
Pelo 35º Aniversário do 25 Novembro
A 25 de Novembro de 1975 na sequência do “Verão Quente”, Portugal estava à beira de um conflito de consequências imprevisíveis, ou mesmo de uma guerra civil. Deste período, recordamos o cerco da Assembleia da Constituinte, o Governo em greve e os atentados bombistas.
Assim sendo, o 25 de Novembro, mais do que uma data numa cronologia ou um parágrafo na história de uma revolução é o momento decisivo em que a Revolução Portuguesa segue, irreversivelmente, o caminho para uma Democracia de modelo ocidental.
Nesse dia, a acção determinada dos militares moderados em prol da Democracia, evitou que se derramasse mais sangue, garantindo que, no nosso País, se cumprisse a promessa de uma democracia constitucional, sem tutelas externas ou ameaças permanentes.
A Assembleia Municipal de Braga, presta assim homenagem aos militares do “25 de Novembro” reconhecendo que deve à sua acção heróica e ao apoio que recebeu de muitos sectores da sociedade civil, o papel que hoje este órgão autárquico representa.
Estava assim aberto o caminho para o pluralismo, a Democracia plena e para a Constituição de 1976.
Passados 34 anos, nascidas várias gerações de portugueses, é tempo de reconhecer que as datas não têm de ter cor política, e a história, é só uma e de todo um país.
Assim, a Assembleia Municipal de Braga, celebra o 35º Aniversário do 25 de Novembro, presta homenagem aos seus autores e manifesta a sua congratulação pela vitória dos valores da Democracia e da Liberdade.
P’ Grupo Municipal do CDS-PP
Francisco Mota
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Magusto
Assembleia Municipal
M U N I C Í P I O D E B R A G A
ASSEMBLEIA MUNICIPAL
CONVOCATÓRIA
Nos termos do nº. 1, da alínea b), do artigo 54º., da Lei nº. 169/99, de 18 de Setembro, convoco V. Exª., para a sessão ordinária da Assembleia Municipal de Braga, que se realizará no próximo dia 26 de Novembro (Sexta-Feira), pelas 21H30, no Auditório da Empresa Parque de Exposições de Braga – E.M., sito na Avenida Dr. Francisco Pires Gonçalves, conforme dispõe o nº.1, do artigo 49º., da referida Lei, com a seguinte ORDEM DE TRABALHOS:
Ponto nº. 1 - Aprovação da Acta do X Mandato nº. 8/2010, de 24 de Setembro;
Ponto nº. 2 – Opções do Plano e Orçamento para 2011 e Mapa de Pessoal anexo
e Proposta de Reorganização dos Serviços Municipais;
Ponto nº. 3 – Proposta de alteração da Tabela de Taxas e Licenças e seu
Regulamento para 2011;
Ponto nº. 4 – Proposta do Executivo Municipal com vista à autorização para
a prática pela Câmara de actos da competência da Assembleia
Municipal;
Ponto nº. 5 – Alienação de parte ou da totalidade do capital social da Escola
Profissional de Braga;
Ponto nº. 6 - Informação Prestada pelas Comissões Permanentes;
Ponto nº. 7 - Informação do Sr. Presidente da Câmara Municipal acerca da
actividade do Município.
-----------------------------Braga, 15 de Novembro de 2010------------------------------
O Presidente da Assembleia Municipal,
(Dr. António Braga)
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Reunião da Câmara
11 de Novembro 2010
- Orçamento para 2011
- Opções do Plano
- Alienação da Escola Profissional de Braga
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Orçamento de Estado 2011 - Propostas do CDS
CDS propõe medidas sociais através de corte nas despesas do Estado
Atento às questões sociais, as quais estiveram "ausentes" das negociações PS e PSD, o CDS-PP apresentou esta sexta-feira um conjunto de propostas para aumentar pensões, manter o abono de família a 250 mil famílias e manter o reembolso do IVA em obras em curso nas instituições sociais. Mas sem aumentar o défice. Ou seja, o CDS propõe cortar em gastos "inúteis" e supérfluos do Estado.
Veja a conferência de imprensa
"Não há uma única proposta que aumente o défice. Um euro a mais numa proposta social relevante diremos onde poupar um euro na despesa a menos", afirmou hoje Paulo Portas, líder do CDS, ao apresentar propostas para o Orçamento do Estado para 2011.
Para contrariar o congelamento das pensões sociais, rurais e mínimas e permitir um aumento que acompanhe a inflação, Paulo Portas pretende cortar 60 milhões de euros em despesas do Estado (22 milhões em eventos e seminários e oito milhões em publicidade).
Com a mesma regra de tirar numa rubrica e colocar noutra, o CDS propõe manter o abono de família a 250 mil agregados (quarto escalão), medida que precisa de 80 milhões de euros. Essa verba, segundo Portas, pode ser obtida na redução de 40 milhões na despesa em consultadorias e pareceres, 38 milhões em comunicações e três milhões em leasing de automóveis.
Quanto ao IVA social, Portas reconhece que houve "um certo avanço na matéria" por parte do Governo. Mas o CDS lembra que não se podem perder fundos comunitários e nesse sentido propõe que se mantenha o reembolso do IVA nas obras das instituições sociais que já estão em curso. Nas obras que forem contratualizadas a partir de 2011, o IVA deverá ser de seis por cento. Um ajustamento que precisa de cerca de 20 milhões de euros, verba que se pode obter na redução na rubrica de despesa de trabalhos especializados.
Já contra o congelamento das pensões de reforma, o CDS-PP vai propor "um aumento que acompanhe o valor da inflação" em 2011.
Segundo as contas do CDS-PP, seriam necessários 60 milhões de euros para cumprir o aumento, que o Governo "pode ir buscar poupando 30 ME em despesas de publicidade, mais 22 milhões de euros com eventos e seminários" e o restante em "viagens e estadias".
CDS com Público.pt
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Discussão do Orçamento do Estado para 2011
Senhor Presidente,
Senhor Primeiro-ministro,
Senhoras e Senhores Deputados,
O Governo classificou este Orçamento como o mais importante dos últimos 25 anos.
Deixando de lado a impactante falta de modéstia histórica de quem não faz a coisa por menos, esta surpreendente frase, no que tem de verdadeira, representa a maior confissão de incompetência que um Governo pode fazer; e no que tem de ilusória, significa a enésima tentativa de um Governo completamente irresponsável se desresponsabilizar completamente.
Há 25 anos, Portugal terminava um doloroso ajustamento sob custódia do Fundo Monetário Internacional. O que hoje discutimos aqui só na aparência é um Orçamento soberano; na cruel verdade dos factos, este Orçamento inaugura a fase do protectorado. A colecção de mentiras, fantasias, negações, alucinações e leviandade da vossa política, trouxe-nos até aqui: este Orçamento não é o fruto de uma escolha lúcida, é apenas um acto de desespero; a nossa dívida é tão elevada e o nosso crescimento é tão exíguo que passámos a depender, integralmente, de quem nos empresta dinheiro ao mês, à quinzena, ou à semana. O seu legado político, Senhor Primeiro-ministro, não podia ser pior: no Portugal de Sócrates, o soberano deixou de ser o povo, e passou a ser o credor. Bastaria esta lesão grave da nossa independência, enquanto Estado, e do nosso futuro, enquanto Nação, para lhe recusar, sem apelo nem agravo, qualquer espécie de confiança.
Não, Senhor Ministro das Finanças: é inútil tentar diluir as responsabilidades ao dizer que este é o Orçamento mais importante dos últimos 25 anos; este Orçamento é, em 1º lugar, a factura indesmentível da vossa politica dos últimos 5 anos. Quando chegaram ao poder, a dívida pública era 59% do Produto; hoje, já está em 86% do Produto. O crescimento exponencial do stock da dívida – de 84 mil M€ em 2004 para 142 mil M€ em 2010! - passa factura no crescimento perigoso dos juros: o contribuinte já pagará, em 2011, nada menos do que 6.300 M€ por conta dos juros da dívida do Estado.
Paremos um pouco neste valor: 6.300 M€ de juros da dívida do Estado é qualquer coisa de equivalente a 100% do orçamento do Ministério da Educação, ou a quase 80% do Serviço Nacional de Saúde. Mais grave: 63% do que os portugueses pagam de IRS vai direitinho para pagar juros da dívida ao exterior.
O seu legado económico, Senhor Primeiro-ministro, não podia ser mais perturbador: no Portugal de Sócrates, quem trabalha, trabalha cada vez mais dias, não para si, não para a sua família nem tão pouco para o País; trabalha para pagar os juros da dívida do Estado ao estrangeiro. Não é preciso nada mais para perceber que a sua continuação, nesse nobre posto de serviço público, é uma ruína para Portugal e para os portugueses.
Este descalabro não aconteceu por acaso. A cultura que o vosso Governo imprimiu foi a de anunciar, não a de governar; foi a de gastar, não a de contar; foi a de comprometer, não a de poupar.
Por toda a Administração – central, regional e local – se espalhou o vício de querer fazer obra sem qualquer relação provável com a prudência de ter os meios para a pagar; faltando recursos públicos, contratualizam-se os privados; estes, obviamente, não põem dinheiro onde não há rendibilidade; por passe de mágica, o Estado garante então a rendibilidade onde amiúde só havia prejuízo; o resultado é pôr o contribuintes a pagar o juro, o risco e rendibilidade alheia. As Parcerias Público Privadas dispararam na razão inversa da suficiência dos meios para as pagar. Os mais de 50 mil M€ em encargos já contratualizados comprometem radicalmente a liberdade de escolha das gerações futuras.
O caos do sector empresarial do Estado, a desorçamentação de dezenas de entidades públicas, uma prática politica que passou anos a capturar votos em troca de subsídios e um discurso politico baseado em prometer a gratuitidade sem qualquer razoabilidade – há melhor exemplo do que o das SCUT? – acabaram com o que sobrava de resiliência das finanças públicas portuguesas a tamanha inconsciência e equivalente opacidade. Um dia, o Estado Sócrates havia de explodir – sob a forma de dívidas, dívidas e ainda mais dívidas; e de impostos, mais impostos e ainda mais impostos, para não entrar em insolvência.
Como o País meridianamente já percebeu, este Estado Sócrates explodiu agora. O seu legado social, Senhor Primeiro-ministro, é um fracasso maior que este Orçamento ilustra: há mais pobres que são ainda por cima, mais pobres; a classe média é cada vez menos média; o rendimento disponível dos portugueses de hoje é consumido pela despesa, o dos portugueses de amanhã consumido ficará pela dívida. Tanto basta para lhe dizer isto: a nós, interessa-nos viabilizar Portugal, mais do que viabilizar o Orçamento. Aliás, escapa-nos a lógica dos que dizem que um péssimo Orçamento, executado por um péssimo primeiro-ministro, fará algum bem a Portugal.
Se dúvidas houvesse sobre a vossa irresponsabilidade, não seria necessário recuar 25 anos, nem sequer 5 anos. Voltar cerca de um ano atrás, é suficiente. Há cerca de um ano, o Governo socialista foi às eleições alicerçado em nada menos do que quatro mentiras que Vossas Excelências sabiam que eram mentira: o défice, não passava de 5.9%; a dívida, não punha problema; a despesa, sob controlo estava; as contas, em dia ficavam. Distribuíam-se rendimentos mínimos à descrição, aumentava-se a função pública bem acima da inflação, prometeram-se abonos de familiares e até cheques-bébé na senda de uma ilusão.
Um semestre e um PEC depois, o défice estava perto dos 10%, a dívida do Estado com empresas públicas superava os 100% e a despesa quase passa os 50% da riqueza nacional.
Volvidos outros seis meses e outro PEC, os funcionários públicos, tanto dá que sejam bons ou que seja maus, vêem os salário cortado; o abono de família está em vias de extinção; o famoso Estado Social regateia com os casais desempregados, castiga as pensões de pouco menos ou pouco mais de 200€, e poupa nos remédios dos idosos.
Em um ano, uma tão espontânea metamorfose não é culpa do passado, nem do mundo, nem do submarino: é o preço de mentir ao Pais, é o custo de negar a realidade, é a factura de uma certa atitude no governo que, pura e simplesmente, tem os dias contados.
Entre a indignação com um Primeiro-ministro que os enganou, e a decepção com uma politica que não lhes serve, os Portugueses sabem perfeitamente a diferença entre o possível e o impossível.
Possível é, como foi ao longo da nossa história, vencer a crise, recuperar a independência e reconstruir Portugal. Impossível é acreditar que o maior responsável pela crise tenha algum papel a desempenhar na saída da crise.
Possível, hoje como ontem, é aguentar a tempestade, sobreviver ao naufrágio e provar ao mundo que Portugal é capaz; impossível é fazê-lo com o mesmo timoneiro, com a mesma tripulação e com a mesma carta de navegação. É também por isso que a viabilização deste Orçamento é o prolongamento de uma agonia que não desejamos.
Tanto assim é que a própria execução orçamental de 2010, por traduzir de novo o triunfo da mistificação, devia constituir um derradeiro sinal de alerta. O Governo que nunca recorreria a manigâncias orçamentais encontrou a manigância 2.6 (o Fundo de Pensões da PT); juntou-lhe a antecipação de várias malfeitorias sociais (mais 0.4). Desconte-se a contabilização da capacidade submarina – 0.9 – e fica à vista a dimensão verdadeira do buraco orçamental: cerca de 2 mil M€. O défice real é 1 a 1.5% acima do declarado; e para o ano não há um “ersatz” para o fundo de pensões.
A moral da história é pouco edificante: no PEC 1 e no PEC 2, subiram 6 impostos e contribuições; mas todo o aumento de impostos e contribuições se esvaiu num aumento ainda maior da despesa. Agora, no PEC 3 e no Orçamento que é o PEC 4, voltam a subir 11 impostos, taxas e contribuições. A espoliação fiscal é de tal ordem que só pode ter efeitos perversos: economicamente, a recessão; fiscalmente, a informalidade e a evasão.
Se a condição para um povo fazer sacrifícios é saber que esses sacrifícios valem a pena, não há pior certificado do que aquele que o Governo apresenta. O vosso último aumento de impostos é sempre o penúltimo. E há sempre mais um PEC desconhecido à espera de Portugal na próxima esquina. Aos que dizem que aceitam, não um, mas dois, aumentos de impostos, para dar a mão ao Pais, pergunta-se: em que é que dão a mão a Portugal atirando Portugal para uma recessão económica?
Senhor Presidente,
Senhor Primeiro-ministro,
Nunca sobre um Orçamento se gerou uma tão grande unanimidade: analisado em si mesmo, o Orçamento é péssimo. E há razões evidentes para validar esta percepção.
Em primeiro lugar, este Orçamento volta ao pecado original: os números estão errados. Se o corte no rendimento disponível das famílias é superior a 2% do PIB, como acreditar que a retracção do consumo privado será de apenas 0.5% do PIB? E será de aceitar como tecnicamente exacto o crescimento das exportações, que hiperboliza o crescimento económico, se os dados da economia internacional – com excepção da Alemanha -, não apontam, de todo em todo, para essa expectativa? Este cenário macroeconómico não é credível. E, Senhor Primeiro-ministro, se as previsões do crescimento estiverem erradas, errada está a receita; e se errada a receita estiver, o défice desse erro sofrerá.
Dizia o Ministro das Finanças que pode enganar-se, mas não engana ninguém de propósito. O problema é que os Senhores vivem no auto-engano permanente; este Orçamento é um auto-engano do Governo, que os Senhores conseguiram democratizar junto do PSD. Pela nossa parte, tenho uma certeza: o CDS tem demasiado respeito pelo rigor para não votar um Orçamento cujas premissas não têm rigor nenhum. É a nossa exigente visão do que é ser responsável.
Em segundo lugar, este Orçamento traz no seu ADN o potencial de uma recessão. Ora, se o Pais não contraria o endividamento, empobrece por várias décadas; e se o Pais não retoma o crescimento nunca conseguirá sair da espiral dos sacrifícios, não gerará receita virtuosa e não criará emprego. É este o verdadeiro cancro do Orçamento: em certo sentido, até seria menos relevante saber se o crescimento é +0.2, segundo o Governo, ou -0.7, segundo a maioria das instituições. A questão está no zero – e como o senhor Primeiro-ministro sabe, o zero à esquerda vale pouco ou vale nada. O PSD pode aceitar viabilizar um Orçamento recessivo como anestesia para os mercados; mas o CDS não aceita viabilizar um Orçamento recessivo porque isso seria disparar um tiro letal contra a economia portuguesa.
Em terceiro lugar, este Orçamento não tem sequer uma sombra de politica económica. Elaborado por instrução externa e feito em cima do joelho, escapou-vos o essencial: políticas imaginativas que tentem conciliar a redução do défice e o fomento da economia. Não há, no documento, uma politica para as PME’s – que não seja sacrificá-las, em certos casos brutalmente, como a entrada em vigor do Código Contributivo. Não há, no documento, qualquer afectação dos impostos sobre as empresas a um, dois ou três objectivos essenciais: o reinvestimento na empresa, a contratação de pessoal e o aumento da capacidade exportadora; nem vos ocorreu que, agora, mais do que nunca, uma PME que invista, empregue ou exporte precisa de um estímulo e não merece um obstáculo. Não há, neste documento, qualquer aposta nos sectores produtivos, sendo especialmente arrepiante o que o Governo se propõe fazer, mais uma vez, à agricultura. Os senhores sabem, eu sei, os agricultores começam a saber: a verba inscrita para o PRODER significa que Portugal, em 2011, baterá contra a parede e terá de devolver fundos comunitários, sendo esta delapidação de recursos tão grave quanto se deve exclusivamente à incompetência do Governo, terá por consequência perder a oportunidade de gerar riqueza, emprego e receita no mundo rural, no exacto momento em que Portugal precisa de se desendividar, e isso também se consegue produzindo melhor, exportando mais e substituindo importações.
Um Orçamento sem política económica não é um Orçamento, é uma conta. Ora se a conta está errada. Ora se a conta está errada e se falha uma visão que só uma politica lhe daria, este Orçamento não cumpre os mínimos obrigatórios.
Em quarto lugar, o Orçamento não contraria o endividamento. Há, desde logo, um mistério por explicar: porque é que o défice previsto tem um valor de 8.100 M€, e o limite do endividamento solicitado chega ao montante de 11.573M€.. O tempo dirá se este diferencial quer apenas dizer BPN escondido com défice de fora.
E há, a partir do debate de hoje e de uma pergunta que lhe fiz, um monumental equívoco por esclarecer. O Senhor Primeiro-ministro acordou com o PSD reavaliar as grandes obras. Presumo que o TGV esteja incluído. Mas quando lhe pergunto se o troço Poceirão-Caia vai parar ou continuar, o Senhor Primeiro-ministro, aqui dentro, cala-se, e ali fora, baralha-se, e dando a entender que tudo seguirá igual, agora ou daqui a um tempinho. Comportando-se como o avaliador que já conhece o resultado da avaliação que há três dias – apenas há três dias – supostamente assinou.
Não sei o que dirá o PSD de tão extravagante divergência de interpretação sobre o acordo: o TGV in ou o TGV out não é coisa de somenos. Mas sei a razão do seu embaraço: se o TGV estiver in – e o Caia-Poceirão prosseguir – então o melhor é apagar a fotografia do Prof. Catroga porque alguém enganou alguém. Se o TGV estiver out – e as indemnizações, as expropriações, os financiamentos e os trabalhos de terreno do contrato caducarem – então Vossa Excelência é um perdulário incorrigível porque o CDS lhe ofereceu, em Maio, a hipótese de prudência, e o Senhor preferiu, em Maio, a hipótese da teimosia e do despesismo.
Nesta incerteza, não se estranha que os observadores externos e os agentes económicos achem que o país politico parece ensandecido.
Chegados aqui – um Orçamento que não trava a dívida, um documento que não estimula o crescimento, um Governo cuja execução orçamental é demasiado vulnerável à critica – é o momento certo para dizer uma palavra sobre os mercados. Durante semanas, o país real foi objecto de uma estratégia digna de um filme de terror, que visava dizer isto: se o Orçamento não for aprovado, os juros sobem e cortam-nos o financiamento. Politicamente, senhor Primeiro-ministro, o Orçamento já está viabilizado; alegadamente, os juros deviam ter descido e os mercados acalmado. Notícia terrivelmente sombria: ainda assim os juros da dívida voltaram a subir e estão em 6,2%.
Os mercados, que não vale a pena diabolizar, sobretudo quando há urgência em lhes pedir emprestado, olham sobretudo a dívida, o crescimento e a execução orçamental. Porque será que ainda não se convenceram? De caminho, faça-se ao viabilizador uma pergunta inescapável: mesmo admitindo e desejando que os mercados acalmarão, e que teremos uns tempos de alívio precário, o que acontecerá quando acordarmos todos com o mesmo Primeiro-ministro, a mesma política, o mesmo engano, menos rendimento disponível numa mão e uma recessão na outra?
Em quinto lugar, este orçamento abre uma ferida social e familiar nunca antes vista no nosso pais. O Governo faz uma confusão deliberada: uma coisa é a inevitabilidade de reduzir a despesa; outra é a inevitabilidade de certos cortes que o Governo propõe, face a outros que poderia e deveria propor. Este Orçamento começa por não abrandar o desemprego, e isso terá reflexos não apenas nos subsídios a pagar, como na desesperança dos jovens, confrontados com uma sociedade que trucida o mérito, o esforço e a vontade de subir legitimamente na vida através do trabalho.
Mas este Orçamento ficará para a história por outras duas razões sociais. Uma, são os idosos, de longe a população mais pobre e mais dependente: o congelamento das pensões de 189€, 227€ e 246€ é uma barbaridade social inominável. O CDS proporá, na especialidade, que estas pensões sejam actualizadas à inflação prevista, que é de 2,2%; em contrapartida, proporemos um corte de 60 M€ na despesa do Estado em publicidade, eventos e deslocações.
Acompanhe este esforço, Senhor Primeiro-ministro: 47 M€ de publicidade do Estado, 33 M€ em eventos do Governo e 56 M€ em deslocações do pessoal dirigente são verbas que ficam bem aquém de um discurso de austeridade; o que aí pode poupar fará imenso bem aos idosos e às suas reformas, não trazendo mal algum às finanças públicas.
O outro caso social deste orçamento é o abono de família, Num pais que tem um sério problema demográfico, numa sociedade onde um rendimento de 629€ tem uma leitura tecnocrática de classe média; num pais em que o sistema fiscal discrimina o casamento e não contém qualquer quociente familiar, o senhor Primeiro-ministro vem retirar o abono de família que foi criado em 1942! Não queira ficar conhecido como o Primeiro-ministro cuja insensibilidade social o leva a cortar um abono de família que até o Doutor Salazar pagava! Medite nesta informação histórica que lhe estou a dar; aceite considerar a proposta do CDS para manter o abono de família no 4.º escalão; em contrapartida, aceite cortar um total de 80 M€ de entre as 11 rubricas da aquisição de serviços do Estado e dos Fundos e Serviços Autónomos. É possível, é desejável, é justo – e mais uma vez não onera o défice do Estado.
Senhor Presidente,
Senhor Primeiro-ministro,
Antes de terminar não quero deixar de anotar as circunstâncias em que este Orçamento será aprovado. Refiro-me à negociação legítima entre PS e PSD – por entender que os seus resultados demonstram os limites do que o pais pode esperar dos dois partidos centrais do sistema.
Já sabíamos que PS e PSD não conseguiam encontrar uma solução linear e de acordo para o bem comum para as SCUT. Isso apenas prova que nem PS nem PSD têm liberdade total face à geografia aleatória dos seus autarcas, às vezes dos seus caciques. A verdade é que o contribuinte pagará sem saber porquê, a factura desta vulnerabilidade.
Também ficámos a saber que PS e PSD não abordaram em profundidade a questão do sector empresarial do Estado. Poderiam alguns esperar que a opacidade do Orçamento em matéria de empresas públicas, e a sua nulidade em matéria de empresas regionais e locais, tivesse um fim com tanta ronda negocial. Mas assim não sucedeu; Os impostos aumentarão sem que o contribuinte saiba quanto vão aumentar apenas para financiar as empresas do Estado. Fica uma legítima reflexão: nem PS nem PSD fizeram um esforço a sério em relação ao sector empresarial do Estado – e essa omissão deve-se porventura à dependência que um partido e o outro têm, do poder de nomeação, para satisfação das respectivas clientelas. É outra limitação sobre a qual o contribuinte atento não deixará de notar.
De igual modo, a questão social esteve praticamente ausente da agenda das negociações. Impressiona que dois partidos que, nas últimas eleições, representaram 65% do eleitorado, tivessem deixado os idosos completamente de fora das suas conversações; e que nem um, nem outro, tivessem puxado pela cabeça para oferecer uma solução melhor no abono de família. Para quem acredita numa classe média robusta e na opção preferencial pelos mais pobres, esta omissão – legitima, repito, mas nem por isso menos estridente – da questão social, revela um PS demasiado rendido à tecnocracia e um PSD demasiado crente na auto-suficiência do mercado. Há de facto uma Direita social que faz toda a diferença.
Enfim, a pressão fiscal. Do PS nada há a esperar na matéria; ao PSD ninguém retira o mérito de ter contrariado o ataque às deduções no IRS. Mas convenhamos que negociar cerca de 500 M€ nas deduções, cedendo, em contrapartida, cerca de 2.000 M€ em 11 impostos, contribuições e taxas que disparam neste Orçamento, para quem dizia não aceitar a subida da pressão fiscal, é um resultado limitado. O nível de pressão fiscal, em Portugal, subiu este ano mercê da voragem inesgotável do PS e do sufrágio hesitante do PSD. Há de facto uma Direita que não condescende em matéria de impostos e contribuições, e essa direita somos nós.
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Deputados,
A propósito de impostos: a continuação do Senhor Primeiro-ministro no seu posto é uma espécie de 12º imposto – um imposto cívico – que o Pais pagará caro. Algo nos diz que este será o último Orçamento deste Governo; e como pode ser o último, claro está que não é o começo de nada mas é o epitáfio de um ciclo.
Também por isso, votamos contra. Porque acreditamos que Portugal merece bem melhor.