quarta-feira, 20 de abril de 2011

Artigo de Opinião



É tempo de remir a identidade!



Cinco de Junho tem de vir a ser
Primeiro de Dezembro desta idade
que é tempo de remir a identidade
da Pátria atraiçoada a esmorecer.




As Eleições Legislativas marcadas para o próximo dia 5 de Junho revestem-se de importância decisiva para o nosso futuro colectivo, porque o governo que resultar deste acto eleitoral terá a missão gigantesca de, externamente, restituir a credibilidade a Portugal e, no plano interno, devolver aos portugueses a esperança para que possam acreditar num futuro melhor.
É uma tarefa imensa, difícil de concretizar e, como todos sabemos, condicionada pela supervisão do Fundo Monetário Internacional e pela União Europeia. Não há outra opção.
Sem pôr de parte o escrutínio dos maiores responsáveis pela situação a que chegamos, o mais importante, neste momento, é sabermos estar à altura de fazer a escolha certa. Nas próximas eleições não podemos errar e voltar a dar o voto a quem, conscientemente, adaptou a realidade à sua profícua imaginação.
É obrigatório seguir outro caminho e traçar um novo rumo que reavive as virtudes intrínsecas do povo português. O governo emanado das próximas eleições tem que ser capaz de restituir aos cidadãos a ambição e fazer com que voltem a acreditar no trabalho e no esforço; tem de os levar a aceitar as contingências do presente e fazê-los compreender quão importante é nortear o dia-a-dia com a sobriedade que as circunstâncias exigem; deve possuir o talento de recuperar as autênticas raízes da portugalidade e retomar com autenticidade o orgulho de ter nascido em Portugal.
Na sombria realidade que vivemos, não podemos deixar na mão de outrem a resolução dos nossos problemas. Urge que cada um de nós, despido de paixão e com a racionalidade que a situação impõe, analise os diversos protagonistas em acção para poder eleger em consciência os intérpretes capazes de nos libertar destas amarras.
Em tempo de tempestade não há lugar à resignação. Renunciar à possibilidade de sobreviver é dar como certo o naufrágio que não quisemos evitar.
A maioria dos portugueses não desprezam nem renegam o seu país e, por isso, não desisto de com eles partilhar algumas interrogações que muitos colocam em surdina:
- Por mais razoável que pareça, será ético restringir o cargo de primeiro-ministro aos líderes do PSD e do PS?
- Por muito absurdo que se julgue, não se estará a contribuir para uma democracia balizada?
- Ao proceder desta forma, não se estará a passar um atestado de menor cidadania aos outros candidatos?
- E que dizer sobre a maturidade democrática dos portugueses?
Muitas outras questões poderiam ser partilhadas com os leitores. No entanto, creio que se quiserem reflectir com serenidade sobre estas, já poderão concluir que é tempo de resgatar a nossa identidade.
Está na hora de escolher um timoneiro apto, inteligente, corajoso, experiente, patriota e profundo conhecedor do país real. Um líder interclassista capaz de aglutinar vontades e de potenciar os recursos disponíveis, colocando-os ao serviço do país para que todos nos possamos libertar do declínio a que nos votaram.
Os actores em palco já são nossos conhecidos: há um primeiro bem sabido, um segundo que é uma dúvida, um terceiro que é uma certeza, um quarto que é pretérito e um quinto que é quimera.
Há que pensar, reflectir e finalmente agir em consciência.


In Diário do Minho - Braga, 19 de Abril de 2011 J. M. Gonçalves de Oliveira

1 comentário:

  1. Diz-se "redimir" e nao "remir", isto se falarmos portugues...

    M.Alves

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