Aos trabalhadores e dirigentes das Instituições Particulares de Solidariedade Social e demais instituições da rede social
A actual crise económica e social criou novos riscos de pobreza associados ao desemprego, ao endividamento excessivo e à desestruturação familiar. Acresce que as instituições da Rede Social estão a intervir para além do seu limite, o que as impede de satisfazer todos os pedidos.
Hoje a pobreza já não é só um problema de exclusão social e já não pode ser vencida exclusivamente pela acção dos poderes públicos. A responsabilidade é de todos. Cidadãos, empresas, câmaras municipais, juntas de freguesias, associações e universidades.
Porque o risco de se cair na pobreza é mais alto, porque não há uma verdadeira igualdade de oportunidades e porque falta esperança na nossa sociedade, é necessário dar um sinal de que o único processo eficaz para que um país deixe a pobreza e caminhe para a prosperidade é apostando no trabalho e na educação.
Um exemplo maior deste espírito de esforço, solidariedade e entrega são aqueles a que poderemos chamar os trabalhadores socais, profissionais e voluntários, dirigentes e trabalhadores, com um destaque muito em especial para os trabalhadores das Instituições Particulares de Solidariedade Social. Lembramos: 93% da rede existente de provisão de serviços e equipamentos na acção social é assegurada por estas instituições e por estes trabalhadores.
São as organizações da sociedade civil que melhor promovem a inclusão social, a criação de emprego e a melhoria das condições de vida, de empregabilidade, de acesso aos bens e à cultura. Não possuindo uma finalidade lucrativa, desenvolvem, na actual conjectura adversa, importantes competências que lhes vão permitindo alcançar, muitas vezes e a muito custo, a auto-sustentabilidade da sua gestão.
São dirigentes que concretizam, no seu dia à dia, o conceito de empreendedorismo social e que são verdadeiros agente de políticas sociais de proximidade. São empreendedores sociais porque reconhecem um problema social e utilizam os princípios de empreendedorismo para organizar, criar e gerir as entidades que promovem a transformação social. São agentes de mudança social.
E a mudança, sabemos hoje, é aquilo de que Portugal mais precisa. É imperioso fomentar e desenvolver, mais ainda, uma cultura de partilha, que reforce a justiça social e construa novas soluções.
Um estudo recente, realizado em 2010, em parceria com os Bancos Alimentares, a ENTRAJUDA e a Universidade Católica Portuguesa, indica que é o simples sentimento de bem-fazer que motiva mais de metade dos homens e mulheres que ali prestam um serviço voluntário, sendo que 42% destes já são cidadãos reformados.
Numa altura de grave crise económica e social, é premente fortalecer este sector, implementar um modelo organizado do voluntariado, incentivar a esta partilha e reconhecer o mérito a quem já o faz há muitos anos e de forma tão abnegada.
Conseguiremos transformar esta crise numa oportunidade também se formos capazes, através de políticas sociais de proximidade, aumentar o número de voluntários em Portugal e diversificar as suas áreas de intervenção.
Neste sentido, a Assembleia Municipal de Braga reunida a 29 de Abril de 2011 delibera:
a) Saudar na generalidade os trabalhadores e dirigentes das Instituições da Rede Social do Concelho de Braga, pela atenção pronta e pela dedicação à causa pública que sucessivamente têm demonstrado no desempenho diário das suas funções;
b) Louvar em particular todos os cidadãos de prestam serviço voluntário no Concelho de Braga, que exercendo na prática o espírito de solidariedade e da entrega gratuita ao outro, ilustram essas qualidades que impedem a desumanização da vida e a promovem a integração social.